196 anos depois, análise de fios de cabelo de Beethoven aponta que problema no fígado pode não ter sido causado pelo álcool.
Acreditava-se que a doença do compositor e pianista alemão era causada pelo grande consumo de bebidas alcoólicas, mas isso foi refutado após análises recentes do genoma de Beethoven.
A autópsia de Ludwig van Beethoven, feita logo após sua morte, revelou uma grande quantidade de nódulos do tamanho de feijões em seu fígado. Por muito tempo, isso levou as pessoas a crerem que um grande consumo de álcool teria causado o surgimento dos tumores no órgão.
Agora, 196 anos depois, uma pesquisa realizada pela Universidade de Cambridge aponta que o problema pode não ter sido ocasionado somente pela bebida, mas também por uma infecção por hepatite B.
Os autores da pesquisa, publicada nesta quarta-feira (22) na revista científica Current Biology, afirmaram que embora não tenha sido possível identificar uma explicação genética para o problema auditivo e gastrointestinal de Beethoven, ele tinha uma predisposição genética para doenças hepáticas.
As análises genômicas revelaram que ele tinha uma infecção por hepatite B pelo menos durante os últimos meses antes de sua morte. Esse fator, somado a predisposição genética e ao consumo de álcool, fornece uma explicação plausível para a grave doença hepática de Beethoven, que acabou por matá-lo.
Ao longo de sua vida, ele enfrentou diversos problemas de saúde que impactavam a sua carreira, como perda auditiva progressiva, desarranjos gastrointestinais recorrentes e problemas no fígado. Em 1802, ele expressou, por meio de um testamento endereçado aos seus irmãos, o desejo de que, após a morte, seu corpo fosse estudado para trazer a público qualquer que fosse a doença que o acometia.
Ao todo, o grupo de pesquisadores estudou oito mechas de cabelo atribuídas ao compositor alemão para tentar esclarecer seus problemas de saúde. Destas oito, apenas cinco eram de fato de Beethoven, apresentando danos causados pelo tempo equivalentes a amostras colhidas no início do século XIX.