Maior iceberg do mundo, A23a, retoma movimento após décadas e intriga cientistas
O iceberg A23a, reconhecido como o maior do mundo, voltou a se movimentar após permanecer décadas estacionado no Mar de Weddell, na Antártida. Com uma área impressionante de aproximadamente 3.900 km² e altura superior a 400 metros, o A23a se desprendeu da plataforma de gelo Filchner-Ronne em 1986. Logo após sua separação, ficou encalhado no fundo do mar, tornando-se praticamente uma ilha de gelo flutuante.
Em 2020, o iceberg surpreendeu a comunidade científica ao se libertar e iniciar um deslocamento em direção às águas mais quentes do norte. No entanto, em abril de 2024, sua jornada foi interrompida ao ficar preso em uma formação conhecida como Coluna de Taylor, uma corrente de água giratória que o manteve girando sobre si mesmo por meses.
Recentemente, o A23a conseguiu se desvencilhar dessa “armadilha” oceânica e retomou seu movimento. Atualmente, sua trajetória é incerta, mas especialistas acreditam que ele possa seguir pela chamada “Alameda dos Icebergs”, uma rota comum para grandes blocos de gelo que se dirigem ao Atlântico Sul. Durante esse percurso, é esperado que o iceberg se fragmente em pedaços menores e, eventualmente, derreta completamente.
O derretimento do A23a pode ter implicações significativas para o ecossistema marinho. À medida que o iceberg se dissolve, libera nutrientes essenciais, como poeira mineral acumulada durante sua formação, enriquecendo as águas oceânicas e promovendo o desenvolvimento de organismos marinhos.
Contudo, o deslocamento de um iceberg dessa magnitude também apresenta riscos. Sua presença pode interferir nas rotas de alimentação de espécies como focas e pinguins, especialmente em áreas próximas à Geórgia do Sul, onde grandes icebergs tendem a encalhar, afetando o acesso de animais marinhos a suas fontes de alimento.
Cientistas do British Antarctic Survey (BAS) estão monitorando de perto o progresso do A23a. Pesquisas recentes envolvem a coleta de amostras de água ao redor do iceberg para avaliar seu impacto nos ecossistemas marinhos e no ciclo de carbono entre o oceano e a atmosfera.
O fenômeno ressalta a importância de compreender as dinâmicas das massas de gelo na Antártida e seus efeitos no meio ambiente global. Embora o desprendimento e a movimentação de icebergs sejam processos naturais, as mudanças climáticas podem influenciar a frequência e a magnitude desses eventos, tornando essencial o acompanhamento contínuo dessas formações.