Coerentemente com a forma e sentido de ocupação da Vila Operária, certas instituições ergueram-se tendo como fundamento a assistência espiritual dos moradores do bairro. A Igreja São José, construída como capela em 1950 e promovida a paróquia em 1954, é um exemplo de centro catalisador de vontades humanas, preocupadas com algo mais do que a matéria do corpo e do trabalho. A igreja estava já prevista no plano urbanístico de 1947 e, mesmo antes de se edificar o pequeno templo, uma cruz de madeira marcava o ponto da obra a ser executada. Com tantos trabalhadores gravitando ao redor da Igreja São José, numerosas pessoas acreditam que a vila tenha esse nome em decorrência do nome da paróquia (São José Operário), o que não corresponde ao real. A designação “Operária” é produto da função socioeconômica da área. A história da Igreja São José pode ser dividida em três fases: a primeira vai da destinação do terreno para fins religiosos, pela Companhia (1947-1953), restringindo-se a uma capelinha de madeira; a segunda, quando a Igreja é promovida à condição de paróquia (1954), passa a ser administrada pelos padres jesuítas, e um projeto de reformas a converte em alvenaria, aumentando sua capacidade para acomodar os fiéis; a terceira fase é registrada no final da década de 1960, com outra reforma estrutural que lhe dá as formas atuais.
O catolicismo não estava sozinho no coração e na mente das pessoas da vila; as religiões evangélicas marcaram também desde o inicio sua participação na vida espiritual da vila. Se observarmos os atentamente a lista dos compradores de terras na Operária em 1947, vamos encontrar duas Igrejas protestantes no rol dos adquirentes, a Presbiteriana e a Adventista do 7° Dia, testemunha cabal do pioneirismo dos “crentes” (termo usado na época e que permanece até hoje) na função de ofertar a palavra divina à comunidade. E verdade que os evangélicos constituíam minoria, mas, deforma lenta e constante, expandiram seus quadros, chegando nos dias atuais a rivalizar com os católicos no que toca ao número de freqüentadores de cultos. Muitas Igrejas protestantes começaram suas atividades em fundos de quintais, prosperando até construir um templo apropriado para esse fim. Antes de se firmarem definitivamente na paisagem do bairro (hoje são 15 templos evangélicos aproximadamente), elas sofriam forte discriminação religiosa, vinda principalmente de alguns católicos fervorosos que, no afã de defender sua fé e seus princípios, acabavam hostilizando aqueles que professavam fé distinta. No interior do protestantismo, as maiores vítimas das ofensas eram os pentecostais (Congregação Cristã e Assembléia de Deus).
Se com os evangélicos havia boa dose de preconceito, não é difícil imaginar o que acontecia com os praticantes de religiões afro-brasileiras. Há notícias do funcionamento de pelo menos três terreiros de candomblé na Operária dos anos 1950/60. E óbvio que havia segregações e maus-tratos contra os freqüentadores desses locais, acusados na maior parte das vezes de bruxaria, feitiçaria e coisas do gênero, percebendo-se nessa atitude de animosidade uma intolerância medieval. Hoje, apenas dois terreiros estão em atividade, excluindo-se os recintos de casas que são pequenas tendas de espiritismo. Em Maringá há duas lojas que comercializam artigos e produtos religiosos, e uma delas situa- se na Vila Operária, um atestado de que a religiosidade, independentemente de sua coloração, encontra no bairro um terreno fértil.
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fonte:
Memória dos Bairros – Vila Operaria
Prefeitura do Municipio de Maringá
Secretaria da Cultura
Gerência de Patrimônio Histórico